terça-feira, 17 de novembro de 2015

Parlamentares exaltam legado educacional de Djalma Maranhão

O centenário de nascimento do ex-prefeito de Natal Djalma Maranhão foi celebrado nesta segunda-feira (16) em sessão solene do Congresso, realizada no Plenário do Senado.
Parlamentares e parentes destacaram os feitos do político que ganhou notoriedade por combater o analfabetismo na capital potiguar.
Djalma Maranhão morreu em 1971, aos 55 anos, em Montevidéu, no Uruguai, quando estava no exílio, depois de ter sido deposto da prefeitura pelo regime militar.
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN), autora do pedido para a sessão de homenagem, disse ser importante não deixar que o legado do ex-prefeito caia no esquecimento. Ela lembrou que, no início dos anos 1960, Natal tinha poucas escolas e alto índice de analfabetismo, panorama que foi modificado pelo prefeito Maranhão e seu secretário de Educação, Moacyr de Góes.
— A situação do Município era dramática. O número de escolas públicas regredira ao longo dos anos, em vez de aumentar. Natal contava com uma população de quase 150 mil habitantes, dos quais mais de 30 mil eram analfabetos, entre adultos e crianças — explicou.
Ex-governador do Rio Grande do Norte e ex-prefeito de Natal, o senador José Agripino (DEM-RN) disse que se inspirou em Djalma Maranhão quando esteve à frente do Executivo. Além disso, afirmou ter aprendido com ele que os feitos que marcam realmente a população não são obras físicas, como avenidas e viadutos, mas os programas sociais:
— É o saldo que fica para as pessoas. O resultado do trabalho de um potiguar que honrou as nossas tradições de espírito público de civilidade e de boa convivência — destacou.

Luta contra o analfabetismo

Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o ex-prefeito de Natal é o maior símbolo político na luta contra o analfabetismo e também um “símbolo da esquerda que luta por reformas”.
— Quando se trata de adultos, alfabetizar é uma questão de direito humano e não de educação. Não ser alfabetizado no mundo letrado é uma forma de tortura — afirmou, antes de lamentar o fato de o Brasil “não ter feito o dever de casa”, diante da existência de 13 milhões de analfabetos adultos no país.
O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), por sua vez, traçou um histórico da carreira do político potiguar, destacando sua defesa pela reforma agrária e do capital nacional.
— Djalma morreu em Montevidéu em 30 de julho de 1971. Darcy Ribeiro, que conviveu com ele no exílio, disse certa vez em entrevista que a saudade de sua terra foi a causa principal da morte de Maranhão — lembrou.
Emocionada, a filha de Djalma Maranhão, Ana Maria Cavalcante Maranhão Fagundes, disse que ao ver o Plenário cheio para homenagem ao pai, teve a certeza de que a luta dele não foi em vão.

Cartilha

No fim da sessão, foi lançada a cartilha “De pé no chão também se aprende a ler”, a mesma usada pela prefeitura de Natal sob o comando de Djalma Maranhão. A publicação foi reeditada pela Gráfica do Senado e apresentada pela senadora Fátima Bezerra:
— Era a cartilha usada na época e que ensinou milhares de potiguares a ler e a escrever. Era uma educação que preparava para vida. Espero que as reflexões aqui propostas sejam capazes de motivar aqueles que lutam em defesa da educação pública de qualidade. Era o sonho de Djalma e o nosso também — concluiu.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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